22 janeiro 2008

Nada

Queria ser nada
Mas só de querer já sou alguma coisa
Então como ser o que quero
Sem querer ser
Se eu não quiser não serei

Então não quero nada
Em não querendo sou nada
Exatamente o que quero ser
Mas sou sem querer
Não quero e sou
Mas queria não ser
Não quis e fui
Queria e não sou

E sabendo que nada sou
Já sou novamente
Então não quero saber de ser nada
Eu já não sei
Se não sei, não quero
Sem saber querer não sou ser

Não posso ser nada
Queria poder saber não ser
Mas se pudese ser
Se pudesse não querer seria saber não ser
Então poderia não ser
Sem poder, sem querer, sem saber, sem ser
Seria o que posso, o que quero, o que sei e o que sou
NADA!

(22/01/2008)

Servindo de Longe

Eu te vejo linda
Mas será que você é
Seja noite ou dia
Sem servir o meu café

Impossível de ser
Sempre flor perfumada
Mas possível talvez
Se for desarrumada

Pra mim basta saber
Que te quero só pra mim
Nem preisa me querer

Porque é sempre assim
Você não será minha
E te amarei só por ser

(22/11/2008)

21 janeiro 2008

Soneto do reencontro

Um dia me perdi num mar verde
Me lembro como se fosse hoje
A sereia, as pedras, o fogo
Revivendo o tempo não se perde

Então ela surge novamente
Mil vezes mais linda do que era
Sabe aquela coisa que se sente
Quando o presente é mais do que se espera

Corre logo e diz pra bela
Meu anjo sussurra em meu ouvido
Como o canto dela produzido

Naquela ilha meu porto é ela
A principal lá e aqui dentro
Minha dor mais uma vez enfrento

(20/01/2008)

09 janeiro 2008

Viajar

Vá visitar as cavernas
O escuro há de fascinar
Mas volte para a luz
Ou você para de voar

Também nas montanhas
No campo de flores
Você deve ir, fundo no
Lago de barro, de algas de cores

E a queda da água
Na pedra, na areia,
No suúrbio da cidade
De faca afiada, visite a cadeia

Não esqueça também
Da brisa de sol, do brilho do mar
Parar de conhecer a vida
É parar de viajar

Pegue o próximo trem
Pare de cavar
Porque se do pó você veio
Para o pó você há de voltar


(1998?)

Escravos de uma sociedade

Ser escravo de uma sociedade
Simple é parar de pensar
Partir numa louca viagem
Buscar a verdade, ou simplesmente chorar

Abrir as portas, fechar os olhos
E sonhar, ir para o campo
Sem vida, sem nome
De paredes brancas e teto azul

Subir as escadas sem descer
Os degraus de pedra escorregam
Você, aberto, se fecha
E eles mandam, te ordenam

Volte para a mamãe
Criancinha malvada
É o que dizem pro menino
Surdo mudo, de cabeça raspada

É isso que faz da vida
Uma grande caçada
Que vença o melhor escravo
Na fuga da nossa cenzala

(1998?)

06 janeiro 2008

Eu gosto

Surgi daqui e de lá
Partirá alguém que conhece
Todos os lugares por onde
Passei, sei não, acontece.

Veria o estranho e o chamaria
Vem cá senhor, me guia
Estou voando, então sorrindo
Loucuras, Sonhos, Dividindo

Trovejando, a luz do mar
Espanta as cores e diz
Corra, agora, ela quis
Não pôde, lá fui eu, ajudar

Quando com tudo de joga
Numa tentativa de proteção
Em tudo, para sempre, em vão
Vamos, ou não?

Estou esperando. Nome?
Karinho vindo de alguém
Importante para o mundo
Livre, mais do que ninguém

Isso vai marcar, inda' bem

(escrita em mar/1999, encontrada em jan/2007 colada por dentro do corpo do meu violão)