30 abril 2008

Procurando

Estou tentando olhar a dor
É sempre a mesma coisa
Se não saiu como eu queria
Não gosto, não quero
Gasto muita energia
Se foi tudo maravilhoso
Me exalto, me apego, quero mais
O que foi bom se vai
Gasto muita energia
Mas qual a razão de viver então?
Não consigo abdicar
Tenho medo desse desconhecido nada
Não posso acreditar no que me parece ser real
O fato de não haver alguém em mim
O que aconteceria se eu fosse fundo?
Enlouquecido num objetivo sem objetivo
Morreria antes de medo
De não ser quem eu penso ser
Estou todo errado
Brincando de ser
Jogando com as sensações que vem e vão
Mas e se for certo isso
Se houver sentido de ser assim
Uma brincadeira, somente um jogo complexo e gigante
Sem começo nem fim

(São Paulo - 01/04/2008)

26 abril 2008

A morte é uma violência?

Somos a morte a todo momento
A morte que cala, a morte que fala
A morte que anda, a morte que para
A morte que come, que morre de fome
A morte que canta, que morre de medo
A morte que acorda e morre mais cedo
A morte que sonha, a morte que vive
A morte da vida, a morte que morre

(São Paulo - 09/04/2008)

Do que é que se trata

Só trabalho de trabalho
Que trabalho me esbugalho
Quebro o galho me atrapalho
Mas não falho nem me canso

Tem reunião de reunião
Que reunião não abro mão
De discussão aprovação
E solução não tem descanso

Não sei dormir só produzir
Mais investir me instruir
E progredir pra onde ir
Não vou medir nenhum esforço

Para parar paralizar
De trabalhar vou disparar
Do chão pro ar me preparar
Pra programar roendo o osso

Sou animal que toca o pau
E não faz mal não ter sinal
No meu ramal de alguém normal
Isso é legal e não é pouco

Trabalho assim não é pra mim
É que compus sombra sem luz
Você já viu é como um rio
Um não sem til correndo louco

(São Paulo - 10/03/2008)

Meditação

Pra cantar e ser ouvido nessa vida
Só gritar não adianta
Tem que ser mais do que isso

Nem Enfeitar bem por fora não resolve
Nem melhora pois na alma
É que está o que importa

Se a tua alma é de artista e sonhadora
Vem me abraça e vamo'embora
Isso é tudo que preciso

Com você e pelo mundo eu faço agora
Me acabo, me esfolo
Mas eu chego onde quero

Você veio pr'esse mundo qual motivo
Deve haver senão criarmos
Algo novo e muito belo

Só criando e refletindo o que se cria
Desfazendo e refazendo
Todo tempo é precioso

Sua ordem é liberdade pensamento
Pé na arte e mãos pra cima
Põe poesia no teu dia

Eu só tenho uma certeza tudo muda
Vai girando tudo passa
Se transforma a toda hora

Tanto o bom e agradável
Quanto o ruim e doloroso se acaba
Seja cedo, seja tarde

O que traz muitos prazeres vai embora
E o que causa dor intensa
Passará da mesma forma

O segredo, como disse o velho mestre
É olhar o que acontece
Sem querê-lo diferente

(São Paulo - 15/03/08)