29 dezembro 2007

Amor a primeira vista

?
.
.
.
- Oi gatinha!
- Fui buscar sua lanterna. Nossa a areia muito quente
...
- O que você escreve nesse caderno?
- ... ?
- Xereta eu, né?
- ... nada de importante
- Segredo? Poesia? ...
- Escrevi muito pouco... olha... só isso...
- É sempre bom, em viagens como essa leva um carderno, mesmo que seja pra escrever pouco...
.
.
.
?
- Quer, Daniel?
(Quero...)
- Não obrigado.
.
.
.
- Você não acredita em amor a primeira vista
- Acredito, mas dele não. E você?
- Eu acredito no amor
- Mas e no amor a primeira vista?
- ...
- ...
- Assim, no amor a primeira vista que você está falando, sim, acredito, mas na - verdade não é a primeira vista...
- Como assim?
- ...

(jan/2004)

Menina Baiana

Menina bonita
Do jeito baiano
Do beijo nos lábios
A rosa do mar
Rosto de Iemanjá
Bela, tão bela, tão linda
Morena de sol e de praia
Te amei no dia
E na noite de nós dois
Nada no meio
Batia forte o amor
Nossas almas e as estrelas
Nas ondas do mar
No sabor baiano
De lábios de mel
Melado de bem, entre nós
Nada além de amor
Eternas almas, ele, ela
Nós dois, eles de lado
Todos de lado, só nos dois
Na praia do sol
Nas ondas do mar

(mar/04)

Poder

Não posso eu
Não pode você
Podemos nós dois

(fev/2004)

Soluçamba

Solução pra mim é um sol de samba
Mi faz bm de um fá no set
E um lá em retrocesso que eu vivi

Diminue a sua voz e
Si consola, sola, traz o seu
Swing a cor, tão preguiçosa dor
Resolve então pra mim

Soluçamba, soluçamba...

Se eu sistematizar a minha vida
Me aprisionar sem paz no seu estilo
Mostre a sua intensão
E um som que avisará

Soluçamba, Soluçamba...

(mai/2006 - colaborações Pedro Celestino e Eduardo Karpat)

A lei da vida

A vida é uma mistura de cores
E momentos de música e silêncio
Vários verbos e verdades vivem
As pessoas se unem e se desunem
Os lugares nunca são os mesmos

Essa nossa geração tem a missão
De expandir a consciência integral

Nossas ações devem ser de dentro
Pra fora sinceras e verdadeiras
Jogando longe todas as máscaras
A casca que cobre a casca que
Cobre a casca que cobre a alma

Não precisamos de drogas para sermos
Nós mesmos somos o que somos
Temos amigos, temos a música e o sol
Temos eles, nossos criadores

Que dentro de nós estarão
Sempre vivos, nossa existência
É fruto do calor que um dia
Em algum lugar, por alguma razão
Exitiu, lá estava e assim foi

(mai/2006)

Coragem

Na ponta da madrugada
Uma brisa arde em mim
Resistindo a minha jornada
Ouço a vo de um querubim

Não desista me diz ele
Abra agora o coração
Sua vida continua
Sorte hoje é solidão

Que amanhã num outro dia
Sonharás de novo então
Outro sonho satisfeito
Ontem sem explicação

(abr/2006)

22 dezembro 2007

Presente do destino

Algumas coisas estão para acontecer
Estão mesmo
Talvez o mundo acabe amanhã
Mas é mais provável que as coisas que estão para acontecer o
O impessam de acabar

Agora nem me pergunte o que são coisas
Pode ser tanta coisa
Como pode não ser nada
Afinal, a imaginação nos leva a todos os tipos de lugares
Alguns nós nunca visitamos na vida
Outros, o destino nos dá de presente

O destino sempre está disposto a nos dar presentes
Porém ele nunca casa com a nossa imaginação
Agora resta saber se o presente
Que estou recebendo agora vem do destino
Ou faz parte da minha imaginação

(mar/1999)

Amanhã

Não temos nenhum motivo
Pra ficarmos perguntando
De onde viemos e quem fomos

Temos todos os motivos
Do mundo para respondermos
Quem seremos nós amanhã

E tendo essa resposta em mãos
Responderemos nós então

A que distância de nós está o amanhã?

(abr/1999)

De verão

Por que eu só penso em você
Na hora que acordo eu quero dizer
Tudo que sinto dentro de mim
Até o momento que me dirá: sim

Na praia o branco nos olhos
No ar o cheiro que em mim penetrou
Nas ondas brilham o céu e as estrelas
No corpo o cheiro daquela que amou

Mas antes de ir eu preciso amor
Dizer a você, custe o que for
Que acima de tudo com muito calor
Te olho nos olhos e vejo uma flor

Se todas as coisas que o mundo diz
Vendo que ela a mim sempre quis
Te amo, te quero, te faço feliz
Controlo o mundo por tudo que fiz

No litoral norte eu penso em passar
Pra ver se eu encontro alguém por lá
É ela estou vendo, eu vou devagar
Atraí pro peito a força de amar

(dez/97)

20 dezembro 2007

Todas as mulheres do mundo

Tudo que existe pode ser facilmente entendido
Quando se olha o outro lado da moeda
O Problema é que olhamos sempre a cara
Quando o rei está certo
Ou concordamos com ele nos momentos
Em que a face oculta é a verdadeira face

Veja, por exemplo, o caso da Bruna
Ela se deparou com uma situação em que não teve escolha
Apesar de que fez a escolha certa
Mal ela conhecia o outro lado
Entretanto, nada fez após o ocorrido
Nada fez
Amou a duração
Ignorou a continuação
Também, nem podia
Nem queria também

A Juliana foi tão rápida quanto a Laura
Se bem que a segunda foi olhada com sabedoria
Sabedoria que momentaneamente parecia ser máxima
Porém, eclipses depois, a sabedoria se torna insignificante
Perto do desejo de saber
Desejo impressionante
Como aquele por Priscila
O qual talvez nunca mais exista
Ou talvez não

Mas é preciso força
Se existe Ana Paula
Existe a força
Uma corda resume tudo
Resume... Resumo... isso sim
Agora chegou a vez: Carol, Carol, Carol
Amarelo, vermelho, preto
Três cores básicas
Isso lembra os tempos de criança
Os tempos de colorir
Colorido
A cor está presente no que há de mais belo para ser lembrado
Fotografias
Só elas fazem lembrar Livnat e Tatiana
Sem isso, memória apagada
Não por vontade própria, é claro
Mas por ser assim

Como é com Renata
A coitada sabe e não é sabida
E para provar que não existe nada proposital
É citado o caso Priscila
Em uma viajem sem qualquer promessa
Uma paixão infantil
Os dois amarelos estavam onde os índios sempre estiveram
E fizeram como Macauli Calkin
Ortografia correta?
Não sei
Pouco importa
Também, era tudo ficção
Nada era como deveria ser

Não é permitido repetir nomes
Por isso não será citada
Mas está sendo lembrada pela segunda vez
Segunda
Isso lembra muito a Mônica
É a segunda mesmo
Uma fato que existe na memória e não na história
Isso acontece todos os dias, com todo mundo
Mas esse é especial
Tão especial quanto...
Opa! Quase foi repetido de novo

Por falar em repetir
Nada mais repetitivo do que a Verônica
Meu deus!!! 46????
Como pode um ano e meses
Serem passados direto para Sabrina
De duas uma
Contagem errada ou mudança de hábitos
Sugiro a segunda alternativa

Hábitos estranhos foram deixados para trás, com saudades
A lembrança aflora, como com Paula
Pior ainda com Daniele
Agora a apelação: Mariana
A loucura de todas as loucuras
Só superada por Renata e Estela
Uma troca inesquecível
Troca absurda e saudável
Maravilhosa, para os netos

Só um cego não consegue ver
Como tudo muda com o tempo
O tempo é o verdadeiro mutante de toda essa evolução
Ele passa e tudo se modifica
Olha só a Mariana
Deusa transformada pelo tempo
E justo quando foi percebida?
No ônibus
O mesmo ônibus que carregava Veridiana
Ela fez perceber que se nós vamos até as coisas
E as coisas não vem até nós
As coisas nunca serão nossas
Apesar de que não era bem isso que acontecia
Se arrependimento matasse a morte já teria vindo

Mas na época não se pensava assim
Tudo era questão de orgulho e pouco caso
Agora já era
A pessoa inexiste há mais de ano
Tudo que foi falado até agora
Não completa nem um terço do total
Total que não canso de relembrar
Pense em uma vida inteira
Uma vida repleta
Só falta H, O , Q, U, X e Z
Letras exóticas e por isso perdoáveis
Olhe só a prova

Alessandra, Bianca, Camila, Débora, Érika
Fabiane, Giovana, Ilana, Joice, Kátia
Duas de L que já foram citadas
Marcela, Natália, Paula, Renata, Sabrina
O T também já foi e Virgínia
Tudo isso? Não! Só isso
Isso não é nada
Existe muita coisa por trás
Muita história
Muita vida
Poderia escrever uma Internet inteira só pra contar tudo
Talvez um livro resolva
Uma página apenas resume
É o resumo da síntese do rascunho
Cada nome é uma história
Uns apenas contos, como Melissa
E esse seria um dos mais belos contos
Se dependesse da beleza
Outros dariam obras de arte
Best sellers nas livrarias

Karen é exemplo
Não pela importância do ser
Mas pela complexidade dos fatos
Sua existência mistura muitas pessoas
E ao mesmo tempo não tem ninguém
Muitas personalidades
Duplas personalidades
É Fernanda
Que foi conhecida em um lugar
Onde só as boas recordações aparecem

A cidade dos Revellions e carnavais
O Guarujá aparece como a cidade
Distinta na natal mais cotada
Lá foi palco de insistência
Karina, solidariedade e aproveitamento
Fabíola, mentiras: Renata
E traição: Patrícia
Traição... se ela soubesse... nunca soube
Nenhuma delas soube...
O sexo frágil nunca soube...
Aliás, minto
Paula sabia
E sabia bem
Não viu, mas sabia
A 34 soube quando me viu com a Cristiane

Tudo é uma mistura de tudo
Se quiser pode-se definir
Cada uma com uma única palavra
Sem precisar de muita observação
Ana Gabriela: vitalidade
8: aventura infantil
Andréa: ousadia
Graziela: imbecilidade
Karen: carência
Christiane: burrice
Vanessa: beleza
Giovana: tranqüilidade

E se pensas que acabou, engana-se
Está tudo na memória
A ligação para Paula
E desprezo por Manuela
A dança com Isabela
A sacanagem com Vanessa
E o tesão pelas Marianas
Não é permitido esquecer ninguém
Por isso são citadas as últimas três:
Maíra, Marina e Vanessa

Nada mais a declarar
A vida é isso
Cada um interprete da maneira que quiser
Ninguém nunca saberá a verdadeira
Nem eu...

(ago/1996)

19 dezembro 2007

Bem desajustado

Outro dia ela veio me falar
Que romântico eu não costumava ser
Então pra ela não reclamar
Resolvi este poema escrever

Dizem que a poesia é romantismo puro
Mesmo que não tenha muito significado
Por isso eu vou tentar, eu juro
Nem que fique bem desajustado

Ser romântico é fazer coisas sem sentido
É ficar rimando palavras ao acaso
Saber que o que se escreve nunca vai ser lido
Que a paixão dura enquanto dura
Mas que um dia se quebra como um vaso


(?/2006) (19/12/2007)

16 dezembro 2007

Vosso sonho de mim e eu

Pensais ser fácil
Imaginais que nada do que dizeis me dói no coração
Que os vossos sonhos perturbados
Do que fazeis de mim
Me transformam em algo
Que eu jamais queria ser
Uma imagem medíocre que possuís
Um vontade própria e egoísta projetada (no outro)
E caio na armadilha de tertar ser
O lixo que quereis
O minimalismo do ser
Por que para mim não quereis só eu e mais nada
Ser eu triste vos incomoda
Incomodai-vos então até o túmulo
Ou percebais que minha tristeza é minha
E que o vosso incômodo é vosso
E um vive sem o outro
E se eu for como desejais
Mais infeliz seria
Nem como quereis
Nem como gostais
Ou desgostais
Ou desquereis
Mais do que sou me faz não eu
Menos do que sou também
O que sou
Apenas o que sou
Até o momento de chegar ao não eu
Que nem é o que enxergais
Nem o que imagino ou penso ser
Apenas ser e mais nada
E vosso sonho será um pesadelo interminável
E o meu o eterno amanhecer

(15/12/2007)

14 dezembro 2007

Indagação

Implementar o verbo
Desconectar, sentir e desconectar
Conectar a razão de viver
Sem razão, sem vida
Só vida sentida e desconexão
Verbalizar a implementação vivida
Da vida sem nexo
Verbalização e sensação
Dividida e racionalizada
Conecta da vista visão
Racional só a vi da vida
Em vão e sem coesão
Contida com tímida
Tida temida toda tensão
Mentaliza, metaliza
Imortaliza a medida
De ver boa vestida sem mão
Poetiza senão um vão
Indagação que não me dá nada
Só ida ali da linda sólida lição

(14/12/2007)

Chega de amor

Você me pediu para não
Falar de amor
Pois bem, vou atender sua vontade
Eu te amo
E chega

(12/12/2007)

12 dezembro 2007

Mel do escorpião

Como deve ser o gosto
Do mel que passa dentro dela
É certeza que em suas
Veias não correm sangue nela
Correm a doçura do mais
Puro e delicado de todo mel
Que transborda em cores pelos olhos
E entorpece o corpo de quem vê
Lá no fundo daquela piscina amendoada
Macia e reluzente, brilhosa, uma
Pedra preciosa. Lá mora alguém
Quem ousar experimentar seu sabor
E acreditar ser um néctar de flor
Se surpreenderá com um gosto forte
E poderoso, um veneno para o coração
Mortalmente vivo como beijo de escorpião

(03/12/2007)

09 dezembro 2007

Folha leve assopra

Delicada sua esbelta
Flor de perfumada
Na pele penugem
Suavemente perdida
Pensamentos soltos
Olhares e sorrisos
De lado cabelo
Quente o colo, seu beijo
Como seria sereia
E séria menina
Sabor um morango
Seja doce nem minha
Mas minha na alma
No canto, no seio
Brisa morena charmosa
Dentro da boca
Naturalmente nos pés
De dedos a lisos
Subindo as pernas
Sumindo as roupas
Uma volta...
Folha leve assopra
Vento invisível alumia

(dez/2007)

Sol

Não queria nada
Só amá-la, só e só
Então a fitava, e ficava
Querendo só paz, só e só
Mesmo que ela não entendesse
Mesmo sem saber a pureza
Do meu pensamento, só e só
Era tudo verdade, iluminado
Só aquele momento, só e só
Mais nada existia
Só ela, e eu, só e só
Como o sol, sozinho
Só ele, solzinho, só e sol
Sou ele, sozinho, sou e só.

(dez/2007)

06 dezembro 2007

Olho de lua

Eu estava chamando todo mundo pra ver meu violão novo
Não sei se as pessoas estavam sentindo
Nem parte da minha emoção
Enquanto eu o apresentava a todos:

"Olha como ele é perfeito!
Vejam as formas, braço... e que corpo!
Visto por todos os ângulos, como ele brilha.
Ele é lindo, sua cor é de tons agradáveis.

Segurá-lo em meus braços
É ter o maior dos sonhos realizados.
Ele será meu enquanto meus braços
Tiverem forças para segurá-lo.
E eles terão! Muita força!
Meu coração cheio de amor
Sente o coração do meu violão
Vibrar enquanto canta.
Ele canta afinado, suave, sereno
E vibra ao meu peito
Beija meu ombro
Minhas mão tocando seus dedos
Seu braço, sua pele macia
Que fala baixinho no meu ouvido
Canções de carinho, de ternura, de paz.

Quero colocá-lo no colo
Quero usá-lo na sala
Quero cantá-lo no talo
Quero abafá-lo na fala
E como ele fala
E como ele cala
E como ele olha
Um olho de lua

set/2004

05 dezembro 2007

Despedida

Tenho Medo
Sou humano
Sou um anjo
Meu segredo
É coragem
Sem mentira
Tua culpa
Minha vida
Tem certeza
Vem comigo
Tantas vezes
Eu te disse
Que não posso
Me entregar
Nessa vida
Onde tudo
Mais se ganha
Do que perde
Sendo agora
Todo dia
Uma hora
Quem pergunta
Quer resposta
De outro modo
Calaria
Em silêncio
Só pecado
Bem agora
Que estou indo
Te buscar
Nunca tive
Outra chance
Pra escolher
Não sofrer
Nosso amor
Vai viver

abr/2006

Shopping Center

Tem uma máquina que está acelerando
Sobe gente, desce gente
Hoje eles estão liquidando
E eu? Pra onde é que eu vou hoje?
Olha lá! Mais uma mentira que ninguém sente
Pisando em chão de mármore
Ligando pra cá, ligando pra lá e nem ligando
Quantos andares eu preciso subir pra encontrar o que procuro?
Em que andar fica a minha consciência?
Esqueci de pagar o ticket da ignorância...
Essas lâminas automáticas estão fechando bem na minha cabeça
Esperem! Chego rapidinho pra comprar o bilhete de alienado.
Hoje é meu dia de sorte!
Ficarei aqui parado, de frente a minha própria morte
Comtemplando hipnotizado
A máquina que está acelerando

(abr/2006)

Só cuidar

Vi mais uma vez seus olhos
Virarem, desviarem para lá
Aquele lugar que só ela conhece
Que não ousa se aproximar
Mas que sabe existir, sabe existir.
E eles insistem em procurar
E ela em fugir, um coração
Ferido, se é que se pode dizer
Assim, tão logo, aquilo que é,
Tão longo, tão longe, perto de lá
Para onde ela quer olhar,
Um infinito, o infinito, o vazio.
Então vamos a outra tentativa,
Chegar mais perto da ferida,
Um mal que pode ser curado,
Com amor, com carinho, ao olhar
A luz dos olhos que te querem,
Sim eles podem em verdade
Te trazer de volta, ela pertence
A esse mundo, a você, a mesma
Pessoa, vocês são uma só.
Longe de mim está, é, não
Consigo chegar nesse coração
Tão triste, queria apenas que
Ele soubesse o quanto o observo,
Quero cuidar e curar, entre
Abraços e beijos, entre todos
Os toques, mágicos, pois são
Eles embebidos de amor, do
Mais puro e sincero amor.

???/2005

04 dezembro 2007

Tudo e nada

No mundo existe todos para tudo
Sóis nascem, sóis morrem
E ninguém está para nada
A não ser o que é errado

Se todos os dias fossem assim
O mundo seria uma poesia

E os olhos não transbordam lágrimas
Não há motivo
O nada não é motivo
Não se morre sufocado sem algo que impeça a respiração
Há apenas o sofrimento

Por mais belo que seja
De pouco adianta se ninguém enxerga essa beleza
Um animal recém-nascido na incubarora
Fechado, sem ser visto, sem poder respirar naturalmente
Ofegante

Pense muito no que fará amanhã e chegue a conclusão nenhuma
Incerteza dominante do futuro
Magia do passado para sofrer no presente
Sem mais tempos, sem mais pensamentos
Vamos dormir para sonhar
É isso que eu quero

Se tudo é artificial, se tudo é falso
É um teatro, uma comédia dramática
Se não interpretarmos o vilão
Seremos atacado por ele
Se o fizermos morreremos
Nas mãos da cega justiça

Por isso o pricipal conselho é viver
Sem motivo e sem preocupações
Pelo menos por enquanto

Pare de viajar, mas vá longe

???/1995

03 dezembro 2007

Vi nos olhos dela...

Estava navegando solitário e de coração quente e aberto quando avistei de minha nave, bem ao longe, uma lagoa. À distância só via o brilho verde de águas calmas, suaves. No céu algumas nuvens e os raios de sol que provavam atravessá-las. Ao me aproximar um pouco, o brilho das águas tornou-se mais ofuscante. Ainda assim pude avistar no centro da lagoa uma ilha, pequena e de cor alaranjada. O vento começou a bater mais forte e minha nave perdeu o controle, começando a cair em direção à pequena ilha. Com bastante esforço retomei o controle e pude ver mais de perto que se tratava de uma pequena porção (de terra) rodeada de girassóis, laranjas e bem dispostos. Não pude evitar abandonar a nave e saltar de pára-quedas na pequena ilha. Com o pouso eminente podia já sentir um perfume sublime e envolvente, uma brisa agradável que nem o fechar dos olhos poderia apreciar todo seu hipnótico odor.
Ao centro da ilha, pude então, ao pousar atrapalhado, avistar o que fazia daquele lugar o mais belo dos já vistos: sobre uma pedra de veludo uma linda sereia cantava. Sua voz rouca fazia a canção daquele paraíso e invadia minha alma, como uma flauta pura e serena, doce e musical.
Seus lábios rosados sorriam ao cantarolar. Moviam-se lentamente, a língua dançava entre seus dentes pequenos e simpáticos. Seus cabelos claros refletiam o colorido perfume das flores. Como princesa merecedora de todos os reinos, espalhava o corpo esbelto, de curvas perfeitas e pele nitidamente macia, por sobre toda superfície aveludada.
Me aproximei e procurei seus olhos. Verdes, puros e vivos. Fitava-os e um calor dos pés ao coração invadiu meu corpo. No fundo do olhar, chamas de fogo, laranja, a cor do dia, que ardia.
Decidi navegar naqueles olhos. Me aproximei o quanto pude. O verde da lagoa e o laranja do fogo faziam daqueles olhos o lugar único, lindo. Quis mergulhar nas águas verdes e arder de paixão no fogo perfumado das flores alaranjadas. Dentro daquele olhar pude avistar novamente, ao longe, a ilha de flores rodeada de do verde da lagoa. Assim me perdi...

jul/2003

Puro presente

O tempo acabou
Ela se foi, eu me fui
E nós não fomos
É como se o vento que já nem
Soprava tão bem decidisse
Parar de soprar
Vou assim. E sobrarão os
Pensamentos de nós dois
De mim por ela e de ela por mim
Sonhos as vezes, um cheiro ou outro
Aqui e ali, talvez chorando
Talvez sorrindo de lembrar da
Saudade, de lembrar daquele sorriso.

Se um dia eu voltar, nada será
Como foi, ela não estará mais aqui,
Nem aqui será como é
Talvez uma outra ela num outro aqui
Se lembrar algo de hoje
Ainda assim não será hoje,
Nem serei eu, ou lembranças
Daquele eu. Serão memórias de
Um tempo que nunca existiu,
Ou que existiu e que por já ter-se ido
Parece nunca ter estado lá.

Se ela voltar, se ela realmente voltar
Assim, desse jeito dela, a sorrir de
Fazer os olhos arderem em lágrimas
Ah, se isso acontecer, mesmo sabendo
Que é outra, meu coração se encherá
De alegria, eu poderei chorar e
Sorrir, e gritar alto, cantar
Com meu canto que eu sei amar,
Que nada vale mais do que as canções
De amor que eu fiz para ela
Porque essas canções são da alma,
Sensações verdadeiras, puras,
Não há querer, nem sofrer,
Nem mentir.
Só há viver, eternamente livre e só
Se é o que penso, é o que digo
Desse jeito, direto do coração
Para as palavras, que não sabem
dizer muito bem o que dizem
mas dizem bem o pouco que podem dizer.

out/2007